O que você precisa saber sobre o ground penetrating radar

O GPR (Ground Penetrating Radar), também conhecido como Georadar, é uma tecnologia avançada que se baseia na reflexão de ondas eletromagnéticas. Este método é geralmente referido como radar de penetração, que emprega ondas de rádio, tipicamente na faixa de frequência de 50 a 2500 MHz, para mapear estruturas e recursos enterrados, seja no solo ou em construções fabricadas pelo homem.

Ground Penetrating Radar em operação. Fonte: Roveq
Mapeamento de concreto com GPR de alta frequência. Fonte: geophysical.com

O funcionamento do GPR envolve a transmissão e recepção de ondas de rádio no subsolo, permitindo detectar a presença de objetos, mudanças de material, e vazios ocultos sob a superfície. Além de suas aplicações comuns no mapeamento de recursos subterrâneos, o GPR também é amplamente utilizado no mapeamento de estruturas de concreto, onde auxilia na identificação de armaduras, conduítes e outras anomalias estruturais ocultas.

Frequência do gpr x profundidade

Diferentes frequências do GPR x profundidades e tamanhos de objetos detectados. Fonte: www.sensoft.ca

Uma dúvida comum refere-se à profundidade que o GPR consegue alcançar. Enquanto as condições do solo são um fator determinante, a escolha da antena também desempenha um papel crucial. Antenas de alta frequência oferecem dados de alta resolução, permitindo a identificação de pequenos alvos, como vergalhões. No entanto, sua capacidade de penetração no subsolo é limitada a distâncias curtas.

Por outro lado, antenas de baixa frequência oferecem uma penetração muito mais profunda no solo, mas com uma resolução mais baixa. Isso significa que elas são mais adequadas para detecção de alvos de dimensões maiores. A decisão sobre qual antena usar deve considerar o equilíbrio desejado entre profundidade de penetração e resolução de imagem.

Equipamentos de GPR com antenas combinadas oferecem uma solução versátil para o mapeamento de subsuperfície, proporcionando um equilíbrio entre profundidade de penetração e resolução de imagem. Essa abordagem combina os pontos fortes de antenas de alta e baixa frequência em um único sistema, permitindo um exame mais abrangente e detalhado do subsolo.

Propriedades dos materiais que afetam as leituras

As propriedades dos materiais no subsolo têm um impacto significativo na leitura e eficácia do Ground Penetrating Radar (GPR). Dois fatores principais que influenciam a forma como as ondas de rádio se comportam são a constante dielétrica (ou permissividade dielétrica) e a condutividade elétrica dos materiais. Vamos explorar como cada uma dessas características do meio afeta as leituras do GPR.

Constante Dielétrica (Permissividade Dielétrica) – K

Reflexividade: A constante dielétrica de um material determina o quanto as ondas de rádio se refletem quando atingem diferentes camadas. Materiais com constantes dielétricas distintas causarão reflexões mais fortes na interface entre dois meios. Por exemplo, a interface entre solo seco e água é facilmente detectável devido à grande diferença em suas constantes dielétricas, resultando em um sinal forte e bem definido.

Efeito sobre a Velocidade do Sinal: A velocidade das ondas de rádio no solo é inversamente proporcional à raiz quadrada da constante dielétrica do meio. Um solo com uma alta constante dielétrica fará com que as ondas de rádio se propaguem mais lentamente. Isso deve ser cuidadosamente considerado ao calcular as profundidades de reflexão, para garantir medições precisas.

Pipe Reflectivity is controlled by Soil Water Content, Pipe Composition and Pipe Contents

Reflexividade de ondas eletromagnéticas para diferentes materiais em diferentes meios. Fonte: www.sensoft.ca

A imagem acima demonstra como a reflexividade do GPR é impactada por diferentes materiais e combinações de meios, incluindo o tipo de tubo (metálico ou não metálico) e a composição do solo ao seu redor (seco ou úmido). Aqui está uma análise mais detalhada:

1. Tubos Metálicos (Metal)

Reflexividade: Máxima reflexividade, com índice de 100%.

Razão: Metais criam uma forte reflexão das ondas de rádio devido à sua alta condutividade elétrica. Qualquer mudança dielétrica em torno de um material metálico é claramente detectada, o que resulta em respostas do GPR extremamente fortes e definidas.

2. Solo Seco com Água em Tubos Não Metálicos (Dry Soil: Water in Non-Metal)

Reflexividade: Reflexão moderada de 58%.

Razão: A água nos tubos não metálicos cria uma diferença significativa na constante dielétrica em relação ao solo seco ao redor. Isso gera uma reflexividade razoavelmente alta, ainda que menor do que materiais metálicos.

3. Solo Úmido com Água em Tubos Não Metálicos (Wet Soil: Water in Non-Metal)

Reflexividade: Reflexão mais baixa, com 28%.

Razão: Nesse cenário, tanto o solo quanto a água dentro dos tubos possuem constantes dielétricas próximas. A diferença mínima entre os meios reduz a reflexividade captada pelo GPR. Solos úmidos atenuam as ondas de rádio, tornando o mapeamento mais desafiador.

4. Solo Seco com Gás em Tubos Não Metálicos (Dry Soil: Gas in Non-Metal)

Reflexividade: Reflexão de 35%.

Razão: A presença de gás nos tubos cria um contraste menor em relação ao solo seco, resultando em uma reflexividade mais fraca comparada à água, mas ainda significativa, dado o baixo nível de atenuação do solo seco.

5. Solo Úmido com Gás em Tubos Não Metálicos (Wet Soil: Gas in Non-Metal)

Reflexividade: Reflexão relativamente alta de 65%.

Razão: A diferença na constante dielétrica entre o gás presente no tubo e o solo úmido é maior do que no caso de água no solo úmido. Isso aumenta a reflexividade no GPR, apesar de o sinal ser mais atenuado do que em solos secos.

Condutividade Elétrica – σ

Atenuação do Sinal: A condutividade elétrica está relacionada à capacidade do material de atenuar ou absorver o sinal do GPR. Solos com alta condutividade, como a argila saturada de água, absorvem mais energia do radar, resultando em uma menor penetração e qualidade do sinal. Isso reduz a profundidade de alcance do radar e pode tornar mais desafiador identificar características no subsolo.

No exemplo a seguir, todos os materiais têm o mesmo dielétrico e, portanto, o sinal viaja na mesma velocidade. No entanto, a condutividade dos materiais é diferente, então profundidades diferentes são alcançadas.

Alcance do sinal em materiais de mesmo dielétrico, mas com condutividades diferentes. Fonte: https://www.gp-radar.com

Dependendo da composição do material presente no subsolo, o nível de atenuação do sinal do GPR pode ser tão elevado que, mesmo havendo um objeto enterrado, ele pode não ser detectado porque o sinal é significativamente enfraquecido antes de atingir o receptor.

Materiais como argila, certas rochas e areia saturada de água são conhecidos por causar uma atenuação substancial do sinal. Isso ocorre devido à alta condutividade elétrica desses materiais, que absorvem e dissipam a energia das ondas de rádio rapidamente, limitando a profundidade de penetração e a clareza das imagens geradas.

Considerações Adicionais

Homogeneidade do Meio: A uniformidade do meio em termos de suas propriedades elétricas também afeta a clareza e precisão dos dados do GPR. Meios homogêneos produzem sinais mais previsíveis e fáceis de interpretar.

Interferências Ambientais: Outros fatores ambientais, como a presença de metal ou interferências de fontes eletromagnéticas externas, podem também impactar as leituras do GPR.

Em resumo, a constante dielétrica e a condutividade elétrica do solo são fatores críticos que determinam a eficácia do GPR na detecção de objetos e estruturas subterrâneas.

A importância do gpr como método não destrutivo para mapeamento de estruturas enterradas

O Ground Penetrating Radar (GPR) destaca-se como uma das ferramentas mais eficientes e versáteis para o mapeamento de estruturas enterradas, oferecendo a capacidade de identificar alvos sem causar danos ao ambiente. Sua aplicação é amplamente favorável em cenários variados, entretanto, é essencial compreender suas limitações técnicas e como fatores externos, como tipo de material, composição do solo e conteúdo dos alvos, afetam os resultados. A combinação de conhecimento técnico e uma interpretação cuidadosa dos dados é a chave para maximizar a eficácia do método diante das complexidades do subsolo obtendo assim os melhores resultados possíveis.

Ground Penetrating Radar em operação. Fonte: Roveq

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